Matéria Jornal A Tribuna, de 13 de março de 2012
Caderno Noticiário, página 22
Filha de ex-prefeito assassinado foge após ameaça de morte
Sandra Cassaro está em um local desconhecido com vigilância constante após saber que sua morte era planejada
A empresária Sandra Cassaro, filha do ex-prefeito de São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro – assassinado há 25 anos – está escondida, longe de casa e com vigilância constante de uma escolta armada. Desde quarta-feira (08), ela está longe de casa, pois recebeu um telefonema dizendo que corria perigo e até um plano para assassiná-la já estava sendo tramado. Sandra está sob o serviço de proteção dos defensores dos direitos humanos do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da Serra.
Segundo a empresária, por volta das 16h da quarta uma pessoa do governo a ligou pedindo que se afastasse de suas tarefas e fosse para outro lugar por um tempo, pois as investigações da Polícia teriam descoberto que havia um plano para matá-la. Imediatamente, Sandra entrou em contato com o Tribunal de Justiça, que enviou um carro oficial e uma guarda armada para levá-la para um local desconhecido. “Eu fugi para não morrer. Assim como aconteceu com meu pai, já vinha recebendo ameaças há algum tempo, só que não quero pagar para ver, como ele fez”, revela Sandra.
Sandra ainda conta que as ameaças são constantes em sua vida desde quando seu pai ainda era vivo. Em 92, ela já havia abandonado todo o processo de investigação da morte de Anastácio Cassaro por conta de ameaças. “Na época foi descoberto que as ligações vinham do próprio gabinete do vice-prefeito, que eu seria a próxima vitima e deveria parar”, lembra.
Por questões de segurança, a Secretaria Estadual de Segurança não pode confirmar o caso de Sandra. Mas segundo Pedro Reis, diretor do CDDH da Serra, a primeira medida em casos como esse é a proteção da vida de quem está sendo ameaçado. “Nossa ação começa quando recebemos um ofício do Tribunal de Justiça. Daí em diante, tratamos de proteger o ameaçado, depois investigamos se há o risco de morte e a necessidade de inserir essa pessoa no programa de proteção”, conta.
Para Sandra, a impunidade da justiça brasileira acaba prejudicando quem tenta agir da maneira certa. “Não fiz nada, só lutei pelos direitos do meu pai e estou presa dentro de casa, numa solidão terrível, sem contato com o mundo, enquanto que os criminosos continuam à solta, mesmo depois de todo esse tempo”, lamenta.
No último dia 29, os cinco responsáveis pelo assassinato do ex-prefeito foram condenados pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). Três dos acusados ainda estão foragidos e é de quem a empresária suspeita que estão vindo as ameaças. O prefeito Anastácio Cassaro, foi morto, no início da noite de 3 de abril de 1986, numa rua do bairro de Goiabeiras, na zona norte de Vitória, quando ele chegava à casa do filho, Arildo Cassaro.
Quanto à intermediação do crime, a principal testemunha foi Sebastião Mariano Neto, o “Briga”, que disse ter sido procurado por Carlos Smith com a oferta de 20 milhões de cruzeiros para que o pistoleiro José Mariano Filho, o “Roscão”, matasse Anastácio, dinheiro que seria pago por Edvaldo Vargas. A motivação de Edvaldo seria a inimizade com o prefeito e a morte do vereador José Luiz Zanotteli, em Vila Valério (então, distrito de São Gabriel da Palha), supostamente, a mando de Cassaro.
Fonte: ES HOJE