terça-feira, setembro 14, 2010

Justiça trôpega


Justiça trôpega
Editorial

A Justiça do Espírito Santo vai aparecer na internet em péssima posição, nesta terça-feira (14/09/2010), em função das dificuldades históricas que enfrenta para fazer andar processos sobre crimes de morte que, apesar de terem repercutido intensamente, se arrastam sem solução anos a fio.

O Espírito Santo estará representado num projeto destinado a combater a impunidade em todo o País, através da internet, iniciativa da família da advogada Mércia Nakashima, brutalmente assassinada em maio deste ano, em São Paulo.

O programa será transmitido em tempo real e a representante do Espírito Santo é Sandra Cassaro, filha do ex-prefeito de São Gabriel da Palha Anastácio Cassaro, assassinado em abril de 1986.

O julgamento dos acusados desse crime deveria ter sido realizado em agosto ou setembro deste ano, mas ainda não está sequer agendado.

Familiares de outras vítimas que se defrontam com situação idêntica em estados como São Paulo e Rio de Janeiro também estarão presentes no programa.

Em seu esforço para buscar justiça, Sandra Cassaro tornou-se aliada de outras famílias que também buscam a solução para crimes envolvendo os familiares.

Carlos Santiago, pai da jovem Gabriela Prado Maia Ribeiro, vítima de bala perdida em um trem do metrô no Rio de Janeiro, em 2003, é membro do Movimento Gabriela Sou da Paz e, nesta condição, ele classifica como estarrecedor o crime cometido contra o ex-prefeito de São Gabriel da Palha, bem como o fato de ainda não haver nenhuma resposta da Justiça sobre a prisão dos culpados.

Márcio Nakashima, irmão da advogada Mércia Nakashima morta em São Paulo – ao que tudo indica por seu ex-namorado –, se diz indignado com a morosidade dos processos, o que, no seu decorrer, acaba por injustiçar as famílias das vítimas.


A capixaba Sandra Cassaro formalizou nova denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)sobre o crime que vitimou seu pai. A denúncia contém nomes de pessoas que estariam atrapalhando o andamento do processo.

O processo se arrasta há anos e a última testemunha do caso só foi ouvida em 1998. O crime foi encomendado pelo que ficou conhecido como um Consórcio do Crime, com interesses políticos na morte do ex-prefeito. Os executores do assassinato também foram vítimas de homicídio anos depois do crime.

A denúncia, enviada ao Ministério Público Estadual (MPES), e acatada pelo juiz Ronaldo Gonçalves de Souza, dá conta que a morte do prefeito foi arquitetada pelo filho do vice-prefeito do município na época, Fernando Lourenço de Martins, pelo médico Edvaldo Lopes de Vargas, e por Jorge Antônio Costa, Carlos Smith Frota e Luiz Carlos Darós, que foram indiciados e tiveram prisão decretada no dia 15 de abril de 1986, 12 dias após.

Eles só ficaram até 18 de julho do mesmo ano, quando passaram a responder ao processo em liberdade. Em dezembro de 1986 o vice-prefeito, Firminode Martins também foi incriminado e denunciado como um dos mandantes do crime. Os executores, José Sasso e Jorge Bilce, foram vítimas de envenenamento (o primeiro) e emboscada (o segundo) em Rondônia, anos depois.

Esta face da Justiça capixaba vem se somar a um quadro que a deixa mal perante todo o País desde dezembro de 2008, quando uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público federal flagrou crimes de corrupção envolvendo desembargadores, juízes, altos funcionários do Judiciário local e advogados famosos.

Uma imagem difícil de recuperar, tendo em vista a submissão de boa parte do Judiciário capixaba aos interesses do atual governo estadual.

Fonte: Século Diário

Um comentário:

  1. PARABÉNS SÉCULO DIÁRIO !
    O JORNAL ON LINE "SÉCULO DIÁRIO" está de parabéns,
    pela lisura e comprometimento com a "verdade", com que discorreu os fatos em torno do assassinato e andamento do processo do CASO ANASTACIO CASSARO!
    Gente assim nos faz mais forte para lutarmos contra a impunidade que toma conta VERGONHOSAMENTE deste país chamado b r a s i l ...!

    JUSTIÇA BRASIL !!!

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